"É inacreditável, mas até hoje se sabe muito pouco sobre o
coração. Porém resultados de pesquisas a respeito desse órgão vital realizadas
nos últimos 20 anos estão deixando alguns cientistas completamente
boaquiabertos. “O coração é o centro físico de um sistema circulatório com 75
trilhões de células. É também o centro eletromagnético do corpo, emanando 5 mil
vezes mais eletromagnetismo que o cérebro e seis vezes mais eletricidade. Cerca
de 60 a 65% de suas células são neurais, exatamente como os neurônios
cerebrais”, escreve a autora americana Cindy Dale num parágrafo que resume boa
parte das pesquisas científicas atuais sobre esse assunto e que faz parte de
seu livro The Subtle Body (O Corpo Sutil, ainda sem versão em português). Hoje
já se sabe que o campo eletromagnético liberado pelo coração tem o mesmo
formato do campo que irradia da Terra ou do Sol. Também já foi provado que ele
é extraordinariamente mais potente que o campo cerebral e que pode ser medido a
uma distância de até 3 m. Estudos científicos indicam igualmente que dentro do
coração há um pequeno cérebro, um sistema nervoso independente, com
aproximadamente 40 mil neurônios. Esse complexo neuronal é gerador de uma
inteligência própria, diferenciada, que processa informações e que também envia
sinais para o sistema límbico cerebral (responsável pelo processamento das
emoções) e para o neocórtex (a parte onde acontecem os pensamentos).
Isso quer dizer que existe um fluxo constante de troca de
informações do cérebro para o coração e do coração para o cérebro. Na
realidade, a troca de informações do coração para o cérebro é bem maior, fato
que acrescenta ainda mais mistérios nessa relação. “Nosso cérebro
emocional-cognitivo tem uma conexão direta e neural com o coração. Por meio das
conexões entre os neurônios, sinais positivos e negativos de nossas respostas
ao momento presente são enviados a cada momento para o coração”, diz o
pesquisador Joseph Chilton Pearce no livro The Biology of Transcendence (A
Biologiada Transcendência, sem versão em português). “O sistema neural do
coração não tem capacidade de perceber ou analisar em detalhes o contexto
dessas mensagens emocionais e mentais que nos chegam do sistema cerebral
límbico e cortical”, diz o pequisador americano. “Mas é capaz de validar essas
mensagens positivas ou negativas respondendo eletromagneticamente com
frequências coerentes (suaves e harmônicas, que surgem diante de emoções
positivas) ou incoerentes (desiguais e desarmônicas, manifestadas diante de emoções
negativas) e dar partida a várias reações corporais. Dessa maneira, o cérebro,
o corpo e o próprio coração são capazes de responder inteiramente à realidade
circundante”, afirma o pesquisador.
A teoria do coração inteligente foi fundamentada com pesquisas
feitas principalmente pelo Institute of HeartMath, no Colorado, Estados Unidos.
Esse centro de estudos se dedica há mais de 30 anos às pesquisas relacionadas
aos aspectos biológicos e energéticos ligados ao coração. A essência da
filosofia do HeartMath é comprovar cientificamente que o coração é a chave para
experimentar uma sensação de felicidade amorosa e que com algumas técnicas
simples é possível manter o campo eletromagnético em frequências mais
coerentes, isto é, mais suaves e harmônicas, que propiciem esse sentimento. “O
instituto coleta todas as informações de suas pesquisas e as transforma em
ferramentas que nos ensinam como ouvir – e seguir – a inteligência altamente
intuitiva do coração”, escreveu o pesquisador Doc Children, um dos cientistas
fundadores do HeartMath. Se esses pesquisadores estiverem certos, uma revolução
pode estar em andamento: em pouco tempo seremos capazes de nos manter em
vibrações mais equilibradas de energia com o uso de práticas simples.
Lembranças nas células
Além de ser a possível sede de uma inteligência emocional
específica, segundo alguns estudos o coração também teria a capacidade de
registrar e reter memórias. No livro Memória das Células, o dr. Paul Pearsall
coletou inúmeros casos de pessoas que, ao receberem um coração transplantado,
assumiam algumas características de personalidade do doador ou se lembravam de
fatos ligados à pessoa de quem haviam recebido o órgão. “Harold Puthoff
[cientista americano especializado em física avançada] dizia que o coração está
relacionado a processos energéticos e, portanto, informativos, pois a energia
transmite informação. Existe algo a mais nessa história que ainda não foi
contado”, afirmou o médico americano, que tem certeza de que ainda há muito a
descobrir nesse campo de pesquisa. “O coração inteligente é o grande segredo de
todas as tradições espirituais. Estar em sintonia com essa vibração harmônica
nos faz mais cooperativos, criativos, abertos e menos agressivos e
competitivos”, diz o geólogo e pesquisador americano Gregg Braden. “Esse é o
caminho que vai nos tirar do caminho da destruição para o caminho da
regeneração”, assegura Braden.
A amplitude dos campos eletromagnéticos do coração também
significa que nosso campo pode estar em conexão frequente com o campo de outras
pessoas. “Basicamente, um campo eletromagnético contém informação. Se nossos
campos se comunicam e ressoam em conjunto, estamos trocando informação de forma
não consciente”, diz Joseph Pearce. Isto é, nos influenciamos sem perceber. Se
campos eletromagnéticos se expressam em conjunto de forma coerente, poderemos
ver o mundo de uma forma mais pacífica, apreciativa e amorosa. Mas, se a
frequência majoritária for incoerente, nossa visão será afetada pela tensão,
pelo medo e pela raiva, ou outras emoções negativas.
Com base nessas conclusões, podemos nos imaginar também num
Universo onde nosso campo individual vibra em conjunto com campos planetários,
estelares ou áreas ainda maiores. Ancorados nessa possibilidade, o grupo de
pesquisadores do HeartMath criou um programa global de ressonâncias coerentes
(Global Coherence Initiave, CGI) que não só ensina as pessoas a semanterem
dentro de uma vibração mais harmônica como mantém medidores de frequência em
várias partes do mundo para detectar desequilíbrios e também zonas de
equilíbrio e paz. É todo um mundo novo pronto para se abrir.
No oriente já se sabia
Tradições espirituais de milhares de anos, como a indiana,
também revelam muitos segredos com relação ao coração. “Uma das traduções do
sânscrito do chacra cardíaco (anahata chacra) é “não tocado”. Isso quer dizer
que alguma coisa muito pura e intangível está encerrada nele, algo sutil e
eterno que está além do tempo”, diz o monge inglês Peter Sage (Dada
Vishvarupananda), do grupo internacional de ações voluntárias Ananda Marga, que
há 32 anos estuda e pratica as tradiçõesindianas dentro da linha do tantra
ioga. “A evolução espiritual humana passa pelos desafios apresentados em cada
chacra a partir do centro básico [muladhara chacra]. Mas é no centro cardíaco
que se desenvolvem qualidades mais positivas, em comparação com os centros de
energia inferiores.
”Porém, nem tudo são flores nessa área: o chacra anahata é
também conhecido como a mandala da tormenta. “Isso significa que ali se
desenvolve uma luta entre as qualidades positivas e menos positivas
representadas pelas 12 qualidades, ou vritti, visualmente simbolizadas pelas 12
pétalas em volta desse centro energético”, explica Peter Sage. “Esses atributos
se apresentam sob a forma de dicotomias polarizadas – esperança versus
depressão, por exemplo. Em desarmonia, podem causar turbulências no centro
cardíaco.
”Os vritti também revelam a importância desse chacra com relação
a emoções e sentimentos. Se ali existem as pétalas relacionadas ao amor, à
esperança, ao arrependimento, à imparcialidade e ao poder de discernimento que
enxerga além das aparências, também estão presentes a arrogância, a indecisão,
o desejo de enganar, a ansiedade, a preocupação e o egoísmo. Enfim, um retrato
bastante preciso e verdadeiro do coração humano. De acordo com a tradição
indiana, também é no coração que está assentada Shakti, o poder universal
feminino, sob a forma de Kakini, deidade representada vestida de dourado com
espada e escudo, sentada numa flor de lótus vermelha.
“Ela representa o poder discriminativo do coração e sua
capacidade em separar, com a espada, o certo do errado e o que é importante do
que não é, com discernimento e precisão. A divindade também indica que o
coração é um lugar protegido, um lugar onde podemos nos abrigar, por causa do
seu escudo”, fala o monge.
Os sufis, vertente mística do islamismo, também atribuem
extraordinária importância ao coração. Para eles, diferentes invólucros
luminosos de várias cores envolvem o órgão vital, cada um deles representando
uma qualidade ou atributo a serem desenvolvidos em direção a uma maior
consciência e união com o divino, num processo espiritual chamado lataif, que
tem o voto do sigilo e por isso não pode ser revelado abertamente. “Geralmente
essa prática começa com exercícios que estimulema coragem e a esperança,
simbolizadas pela cor branca”, diz o americano Will Van Inwagen, que pertence a
uma linhagem sufi com ramificações nos Estados Unidos. “Para os homens, mais
especialmente, chega a ser petrificante trabalhar diretamente com a energia do
coração, precisamos exatamente de muita coragem para isso. É muito difícil para
nós entrarmos em contato com a pura vibração do amor”, diz Inwagen. Mas, para
ele, esse é o caminho que pode levá-los a uma maior integração interna com seu
aspecto feminino. “Temos as duas energias dentro de nós e é importante
trabalhá-las. A prática do lataif nos dá essa possibilidade”, diz.
Nas diversas formas de budismo em todo o Oriente, a mente se
localiza no coração. Ninguém a localiza no cérebro. Na China, o coração-mente é
chamado de shen, no Japão, de shin. Muitos lamas tibetanos, quando falam sobre
a mente em seus ensinamentos, apontam na direção do meio do peito. Mesmo na
medicina chinesa, o coração é considerado a sede da inteligência e recebe o
significativo nome de imperador. Para a maioria das tradições orientais, o
coração (ou o meio do peito) é a porta para uma realidade transcendente.
Ou seja: há muito tempo as tradições espirituais afirmam o que a
ciência começa a descobrir hoje.
A perfeita união com o amor
Dentro do cristianismo, especialmente o ortodoxo, o coração
também tem um importante papel. O Peregrino Russo, obra anônima publicada na
Rússia no século 19, narra a história de um homem que poderia ser considerado
muito atual: totalmente desiludido com a religião e afastado das formas
tradicionais de culto. Enfim, o peregrino russo poderia ser qualquer um de nós
em busca de uma espiritualidade mais interior e uma ponte para um contato
direto com Deus. Na sua jornada espiritual, ele acaba se encontrando com um
staretz, um eremita, que o ensina uma potente oração composta de uma única
frase: “Nosso Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim, pecador”. Segundo os
conselhos do staretz, essa frase deveria evocar o mais profundo desejo de amor e
união com Deus e sincero arrependimento. Além disso, precisaria ser repetida
milhares de vezescom a atenção focada no coração. Dizia o eremita que, com o
tempo, o poder dessa prece romperia “a pedra do coração” até o amor jorrar em
toda sua plenitude. O peregrino segue seu conselho e acompanhamos suas
dificuldades até ele chegar ao ponto em que seu amor a Deus explode em seu
coração. É uma das páginas mais bonitas da literatura espiritual de todos os
tempos. A oração do coração (e o conjunto de preces recitadas pelo padres do
deserto na Etiópia no século 3) nasce da influência de muitas linhas
espirituais e não pertence apenas aos cristãos nem à tradição ortodoxa. “Existe
nela elementos que pertencem a toda a humanidade e que encontramos no
hinduísmo, no budismo e também, claro, no judaísmo [cabala] e no sufismo
[islamismo]”, diz o padre ortodoxo francês Jean-Yves Leloup no livro a
Sabedoria do Monte Athos (Editora Vozes). Para Leloup, que é doutor em
teologia, psicologia e filosofia e autor de vários livros, essa frase tem o
poder dos mantras em conjunto com a força do amor localizada no coração: a
perfeita união.
Para a doutrina espírita, esse centro de energia tem o tom de
ouro brilhante, com cada um de seus quadrantes dividido em três partes, ou
seja, em 12 ondulações, ou raios energéticos. “O coração é um dos principais
chacras de absorção e doação de energias que vão do ser humano ao Universo”,
diz Aracelis Mirabello, terapeuta de São Paulo que usa em seu consultório
técnicas e recursos para equilibrar essa energia. “Mas nos esquecemos de como
entrar em contato com ele para usufruir dessa possibilidade.” Amir El-Alouar,
terapeuta de São Paulo da linha psicobioenergética, também fala das
consequênciasem nossa vida quando nos desligamos dessa harmonia. “Ao nos
desconectarmos da sabedoria inata de amor do coração, o intelecto e o ego
assumem o controle. Nos voltamos para uma mentalidade de sobrevivência baseada
no medo, na ganância, no poder e no controle”, afirma. Dessa forma, diz
ElAlouar, passamos a acreditar que estamos separados uns dos outros, e a nossa
percepção da vida muda do amor e da unidade para a sensação de limitação e
escassez. “Mas é no coração onde podemosencontrar de novo esse sentimento de
força, vitalidade e abundância generosa”, diz o terapeuta, que desenvolveu uma
série de exercícios ligados ao timo (que energeticamente faz parte do centro
cardíaco) para possibilitar essa conexão. Seja por meio de técnicas
científicas, das tradições espirituais, seja por meio de terapias, cada vez
mais portas se abrem em direção a essa força amorosa e transformadora do
coração que pode habitar de novo nossa vida."Fonte: Revista Bons Fluídoshttp://casa.abril.com.br/materia/as-energias-que-vem-do-coracao
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá, aqui você é bem vindo para comentar avontade. Se for criticar, que seja com respeito!
Obrigada Por comentar.